Atuação da Semana: Fábio Assunção mostra seu tamanho e está brilhante em Garota do Momento
Fábio Assunção brilha intensamente em Garota do Momento

Publicado em 11/05/2025 às 13:45
Fábio Assunção é desses atores que quando aparecem em vídeo você para e assiste. Com grandes trabalhos no currículo, superando dificuldades na vida pessoal, ele agora relembra a um público mais acostumado com sua imagem e faz um novo telespectador descobrir algo que muitos nem sabiam existir: sua intensa capacidade de criar vilões sórdidos, mas inteiramente humanos e impossível de apenas odiar.
Juliano começou Garota do Momento mostrando seu nível de sordidez ao roubar o ado da mulher que dizia amar, horas depois de ter assassinado sua amante. Mesmo ali, Assunção não seguiu o caminho de vilões tradicionais, com caras e bocas e que impõem sua presença como a representação da maldade humana. Ao contrário, ele tentou convencer o telespectador em todos os capítulos que seu amor por Clarice (Carol Castro) é genuíno.
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Nos capítulos mais recentes da ótima novela das seis da Globo, o personagem tomou atitudes incontestáveis que o colocam no panteão de homens sórdidos e que são capazes de tudo contra mulheres. Ele não apenas dopou a esposa, como a despachou diretamente para um hospício a fim de que seus crimes não sejam descobertos. Como alguém pode não considerar uma pessoa dessas um psicopata.
O grande momento da semana, no entanto, foi um diálogo entre Juliano e sua mãe Maristela (Lília Cabral). O empresário estava aflito com o estado de saúde da esposa e garantindo que iria visitá-la em breve no hospício. Ficou claro ali que, na cabeça daquele homem sem escrúpulos, ele realmente ama Clarice e não há culpa em suas atitudes porque tudo o que faz é para proteger este amor.
É difícil comprar este tipo de atitude, mas não quando um ator do quilate de Fábio Assunção o defende. Ele coloca tamanha temperatura na interpretação sentida e singela que não há como questionar suas palavras. As atitudes de Juliano são imperdoáveis, mas para tornar seu vilão crível, o artista precisa percorrer caminhos que beiram a psicopatia e, quando acerta o tom, a mágica acontece.
Fábio Assunção já domina todos os tipos de interpretação. Fez mocinho, coadjuvante, herói e sempre medindo a temperatura de modo correto. Para ficar na comparação de vilões, seu Juliano é tão humano, quase meigo e que nada lembra o sórdido Renato, de Celebridade (2002) e que mais parecia um malvado de conto de fadas. Fazer personagens e defendê-los tão bem sendo tão diferentes é para poucos.