Dona de Mim não é a primeira: 6 aberturas de novelas da Globo que deram o que falar
Nova novela das sete da Globo, Dona de Mim estreou na última segunda (28) surpreendendo os telespectadores ao exibir sua controversa abertura; relembre casos semelhantes

Publicado em 30/04/2025 às 09:21
Nova novela das sete da Globo, Dona de Mim estreou na última segunda (28) surpreendendo os telespectadores quando exibiu sua abertura.
Embalada pela música homônima de Iza, que ganhou nova roupagem na voz da cantora, acompanhada por Sandra de Sá e Azzy, a vinheta mostra imagens aleatórias do Rio de Janeiro, elementos de uma tecelagem, cenário onde se a parte da trama, e mostra os atores cantando e dançando, com partes da letra aparecendo na tela.
A animação dividiu opiniões nas redes sociais, tendo recebido muitas críticas pelo visual e pela falta de conteúdo, além de ter sido comparada com a abertura de Floribella (2005), da Band.
Como escreveu o colunista Walter Felix, do NaTelinha, com essa nova iniciativa, a Globo chegou ao auge da falta de criatividade em aberturas de novelas. Realmente, para quem já foi reconhecida mundialmente pela excelência no tema, na época de Hans Donner, o nível decai a cada ano que a.
No entanto, a abertura de Dona de Mim não foi a única a gerar burburinho entre o público.
Relembre outros seis exemplos abaixo:
Brega e Chique
Em 1987, a Globo colocou o modelo Vinicius Manne na abertura de Brega e Chique, novela das sete de Cassiano Gabus Mendes.
Ao som de Pelado, da banda Ultraje a Rigor, ele apareceu completamente nu e saiu andando de costas, com o bumbum à mostra. Na época, foi registrado que muita gente ligou para a Globo para reclamar do que foi chamado de "indecência". Paulo Brossard, que era ministro da Justiça na época, ameaçou impedir a exibição da abertura.
A partir do segundo capítulo, a Globo chegou a cobrir o bumbum do modelo com uma parreira, mas, após dois dias de negociações com a Censura, a abertura voltou a ser exibida como foi concebida.
Mico Preto
A abertura de Mico Preto, novela das sete de 1990, chamou mais atenção do que a trama em si.
A peça mostrava o macaco-prego Chico, criado na casa de uma família no Rio de Janeiro, fazendo estripulias na tela.
Dois meses após a estreia da produção, o então procurador geral da República, Luiz Alberto David Araújo, entrou, a pedido de ambientalistas, com uma ação civil pública ambiental contra a Globo, alegando que a utilização do animal desrespeitava a lei 5.197/67, que regulamentava a proteção à fauna brasileira.
A Justiça negou liminar e a abertura continuou sendo exibida normalmente, com a Globo alegando que o bichinho não podia ser considerado silvest. O processo só terminou no ano seguinte, com a Globo fechando um acordo para exibir mensagens ambientalistas ao longo da programação a favor da preservação de animais.
A Indomada
A abertura de A Indomada, em 1997, teve a participação de Maria Fernanda Cândido, que ainda não era conhecida do público. Ela aparecia correndo, vencendo barreiras ao se transformar em elementos como fogo, água e pedra.
No entanto, a vinheta gerou uma guerra entre os autores Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares e o designer Hans Donner. Os novelistas não gostaram da combinação entre o visual e a música, Maracatudo, de Sérgio Mendes. Ao jornal O Globo, Linhares disse que "a abertura é fria, a novela é quente", enquanto Silva afirmou que a abertura era ruim e ninguém tinha gostado.
Mesmo com algumas alterações, os autores continuaram insatisfeitos. Donner defendeu a obra, dizendo que a equipe "conseguiu resumir a ideia da sinopse".
Coincidência ou não, quando a novela foi reprisada no Vale a Pena Ver de Novo, em 1999, a Globo manteve a abertura, mas trocou o tema por Unicamente, na voz de Deborah Blando.
Torre de Babel
Em 1998, Torre de Babel, de Silvio de Abreu, chocou o público pelo excesso de violência, apresentando Tony Ramos como um ex-presidiário rancoroso e sombrio.
Rejeitada pelo público no início, a novela ou por inúmeras alterações, incluindo mudanças na abertura.
Após estrear com uma retumbante música instrumental, a partir do capítulo 18 entrou a suave Pra Você, na voz de Gal Costa. Posteriormente, a partir do capítulo 63, Hans Donner fez novas mudanças na vinheta, deixando-a em tons mais leves, mantendo o novo tema de abertura.
Com o ar do tempo, Torre de Babel entrou nos eixos e acabou fazendo sucesso.
América
Antes de se transformar num sucesso, América (2005) teve inúmeros problemas nos bastidores e nada menos que três aberturas. Essa troca de vinhetas refletiu os conflitos internos entre a autora Glória Perez e o diretor Jayme Monjardim.
A primeira contava com uma seleção de imagens e a música Órfãos do Paraíso, de Marcos Viana, primeiro interpretada por Milton Nascimento e, depois, pelo próprio compositor, numa versão mais dramática.
Após a troca de Monjardim por Marcos Schechtman, a terceira vinheta, com animações mais dinâmicas, teve a alegre versão de Soy Loco por Ti America, na voz de Ivete Sangalo, ajudando a novela a conquistar o público. Esse era o tema, inclusive, que Glória queria desde o começo.
Tieta
Mais recentemente, na reprise de Tieta exibida pela Globo desde dezembro do ano ado, a emissora decidiu não exibir a íntegra da abertura, estrelada por Isadora Ribeiro com partes do corpo à mostra.
Nas primeiras semanas da reprise, foi exibida uma rápida vinheta, como aquelas que anunciam idas e voltas para o intervalo. O público começou a cobrar nas redes sociais. Até o Sindicato de Atores e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado do Rio de Janeiro (SATED-RJ) entrou no meio, dizendo que a decisão fere a Lei do Direito Autoral, ao não creditar os artistas.
Posteriormente, a emissora decidiu exibir um rápido trecho da vinheta, creditando os artistas que participaram da produção. O nome de Cássio Gabus Mendes, um dos protagonistas masculinos, foi esquecido no primeiro dia e o fato virou piada nas redes sociais.
Aparentemente, a não-exibição da abertura de Tieta foi pura má-vontade da Globo. Se quisesse, a emissora poderia mostrar a abertura completa, já que não existe mais a obrigatoriedade de determinar a exibição de algo na televisão de acordo com a classificação indicativa.
A própria Isadora, em seu Instagram, criticou a decisão, classificando a vinheta como uma “obra de arte”.