Protagonista se arrependeu de fazer novela que estreava há 7 anos: "Foi muito errado"
Novela que estreava há exatamente 7 anos na faixa das nove da Globo ficou marcada por polêmica envolvendo a escalação de atores negros; relembre o que aconteceu

Publicado em 14/05/2025 às 09:48,
atualizado em 14/05/2025 às 10:23
Atualmente, de forma inédita, a Globo conta com atores negros protagonizando suas três novelas inéditas: Duda Santos, em Garota do Momento; Clara Moneke, em Dona de Mim; e Taís Araújo, em Vale Tudo.
No entanto, uma novela que estreava há sete anos gerou polêmica justamente pela falta de negros no elenco, levando, inclusive, Emílio Dantas, que viveu o protagonista, a se arrepender de ter aceitado o papel.
Estamos falando de Segundo Sol, de de João Emanuel Carneiro, que foi alvo de críticas devido à "Bahia branca" exibida na televisão. O estado tem população majoritariamente negra, mas o elenco era composto majoritariamente por pessoas brancas – entre eles Emilio, que interpretou o músico Beto Falcão.
"Foi muito errado"
Em posterior entrevista ao UOL, Emilio Dantas destacou que, com a mentalidade que possui atualmente, não aceitaria o personagem.
“Foi muito errado eu ter feito o Beto Falcão. Jamais deveria ter aceitado esse papel. Não por conta do autor ou pela empresa. É que não condiz com a realidade. A Bahia é feita 95% de pretos e quem deveria estar contando essa história era um preto. Acordei para isso muito tarde”, ressaltou.
Exibida até 10 de novembro do mesmo ano, em 155 capítulos, Segundo Sol foi amplamente criticada por diversos segmentos da sociedade. O Ministério Público do Trabalho chegou a interceder, solicitando que a Globo promovesse mudanças no enredo.
O diretor artístico Dennis Carvalho, contudo, não reagiu bem às exigências.
"Não quero a obrigação. 'Tem que': é feminista, tem que ter negro, tem que ter não sei o quê. Não. As cobranças são maiores hoje, ótimo. Mas não vou colocar um personagem por obrigação", declarou ao jornal Folha de S.Paulo, na época da novela.
Posteriormente, em entrevista à revista Piauí, João Emanuel Carneiro reconheceu o erro: "Foi um processo educativo para todos nós", declarou.
Além das polêmicas nos bastidores, Segundo Sol não empolgou o público, contando com clichês e entrechos batidos e personagens frágeis. Até a desastrosa Mania de Você, a trama era considerada a pior do autor.
Representatividade
Atualmente, a Globo tem demonstrado preocupação não apenas com a presença de atores negros em suas produções, como também com a atribuição de papéis centrais.
Em relatório de EGS (sigla em inglês para o conjunto de práticas ambientais, sociais e de governança) entregue aos acionistas e ao mercado publicitário recentemente, a Globo prometeu ter até 50% de negros como contratados até 2030.
De acordo com informações da Folha, pelos cálculos da empresa, 43% dos artistas escalados para as novelas da emissora eram negros no ano ado, maior número desde 2022, quando tais práticas começaram a ser implementadas.
A representatividade da diversidade sexual também entrou em debate recentemente. Silvero Pereira, por exemplo, declarou que se arrependeu por ter aceitado o papel de Nonato, que se transformava em Elis Miranda durante A Força do Querer (2017).
“Hoje eu não faria a Elis Miranda, muito provavelmente. Porque eu também me reeduquei sobre essa história, e a gente precisa estar de acordo com as lutas e as causas. Depois de ‘A Força do Querer’, eu não aceitei mais nenhum personagem trans/travesti, e inclusive deixei de fazer meus espetáculos por causa disso”, afirmou o ator ao podcast Papo de Novela.