Missão Internacional Brasil-Alemanha-Dinamarca: planejamento, conhecimento e experiência para o túnel Santos-Guarujá

A construção do maior túnel da América Latina, que ligará Santos a Guarujá, demanda planejamento, conhecimento e experiência. É isso que a comitiva brasileira, formada por autoridades de Santos e região, foi buscar na Europa.

A missão tem como foco principal estudar de perto as fases de desenvolvimento e as tecnologias aplicadas no túnel submerso Fehmarnbelt — o maior do mundo — que está sendo construído entre a Alemanha e a Dinamarca.

O objetivo é aproveitar a experiência do megaprojeto para aplicá-la na futura ligação submersa entre Santos e Guarujá. A agenda inclui a análise da execução da obra europeia, sua interação com a população local e a identificação de soluções de financiamento voltadas a grandes infraestruturas de transporte rodoviário e ferroviário, especialmente voltadas ao escoamento de cargas.

A Missão Internacional Brasil-Alemanha-Dinamarca começou no domingo (4) e reúne uma comitiva de 46 integrantes, composta por representantes dos setores portuário e de infraestrutura, prefeitos da região, parlamentares, membros de órgãos de controle e entidades ligadas à logística e transporte. A iniciativa é promovida pela Frente Parlamentar de Portos e Aeroportos (FPPA) da Câmara Federal, com apoio do Instituto Brasileiro de Infraestrutura (IBI).

“Nossa missão é trazer o que há de mais moderno e eficiente no mundo para o Brasil. Conhecer de perto o maior túnel submerso do planeta é uma oportunidade única para aprimorarmos o projeto do Túnel Santos-Guarujá e garantirmos uma obra à altura dos desafios logísticos e sociais do nosso país.”, detalhou o deputado Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), à frente da organização da comitiva e presidente de duas importantes parlamentares do setor de infraestrutura de transportes, a FPLS, Frente Parlamentar pela Ligação Seca e a FPPA.

Durante as visitas técnicas e reuniões com autoridades e especialistas europeus, o grupo também irá avaliar os impactos socioeconômicos e ambientais da construção do Fehmarnbelt, que conectará as ilhas de Fehmarn (Alemanha) e Lolland (Dinamarca) através do Mar Báltico. Quando concluído, o túnel reduzirá em cerca de 160 quilômetros a distância entre Hamburgo e Copenhague, fortalecendo o transporte entre os dois países.

De acordo com o prefeito Rogério Santos, a viagem ainda vai possibilitar a tomada de decisões mais assertivas, que proporcionem o desenvolvimento sustentável da cidade.

“O objetivo é melhorar a qualidade de vida, gerando emprego durante a obra e os que vêm depois, movimentando a economia. Por exemplo, Hamburgo é o principal porto da Alemanha e um dos principais da Europa, e também é um cidade turística, então olhar como tudo isso funciona, como a modernização do porto e as relações com as empresas internacionais, é importante para que a gente aprenda e entenda o sistema, e busque soluções para melhorar a qualidade de vida para todos os santistas", declarou.

O chefe do executivo santista ainda salienta que é preciso avaliar a necessidade de investimentos complementares no entorno da embocadura do túnel, particularmente nos bairros do Estuário e do Macuco.

"Quero ver principalmente as intervenções que foram feitas nas saídas do túnel, para saber o que a gente pode aprimorar e fazer, no nosso caso. A gente vai buscar essa experiência internacional para entender todo o processo que está sendo feito na Alemanha e Dinamarca, para levar para Santos o que tem de melhor".

Pacto federativo

Durante agenda oficial nesta segunda-feira (5), a comitiva participou de uma reunião com o secretário de Estado de Hamburgo, Jan Pörksen, para entender como são distribuídas as responsabilidades entre os diferentes níveis de governo na execução do túnel e nas obras complementares.

O compartilhamento de experiências é essencial, especialmente diante dos impactos que o túnel Santos-Guarujá trará para Santos e para a Baixada Santista. A região demandará novos investimentos em habitação, além de melhorias de infraestrutura para garantir a integração urbana e logística. Entre as ações previstas estão a nova pista da Rodovia dos Imigrantes — que conecta o Planalto à Baixada — e a ampliação da malha ferroviária, incluindo a possibilidade de transporte de ageiros, em diálogo com o Governo do Estado.

"Estamos levando as informações para o Brasil e para Santos, para que a gente possa aproveitar cada momento, cada etapa de forma positiva, desde a geração de empregos, impactos sociais, a logística, o que vai melhorar a vida do cidadão através dessa obra, a maior obra do Brasil, do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que é o túnel Santos-Guarujá. Tendo toda essa experiência, com certeza, para a gente construir um túnel cada vez mais eficiente, que traga impactos positivos na economia, mas na vida de todos nós, santistas", explicou o prefeito de Santos.

Na terça (6) a comitiva visitou o canteiro de obras do Túnel Fehmarnbelt, tanto na Dinamarca quanto na Alemanha, fazendo a travessia de balsa, assim como a população da região. O grupo também participou de reuniões com membros da empresa responsável pela construção do túnel europeu e da Câmara de Indústria e Comércio da cidade de Lübeck (Alemanha).

“Essa oportunidade é única. Nós aprendemos sobre a metodologia construtiva que está sendo utilizada, os impactos socioeconômicos da obra, também conseguimos analisar o perfil de empregos e oportunidades que estão sendo gerados aqui, que serão os mesmo que vão se abrir para os moradores da Baixada Santista, enfim, um grande conhecimento que estamos adquirindo para aplicar no Brasil e melhorar a vida de milhares de pessoas”, declarou Barbosa.

O vice-governador de São Paulo, que também esteve na visita, falou sobre a importância da missão e da união para concretizar o sonho de 100 anos.

“Estamos conhecendo de perto sobre a engenharia na construção de túneis imersos. Uma visita muito importante para nossos próximos os, que faz toda a diferença para que a gente possa ter maior assertividade ao longo de todo esse processo”, disse.

O prefeito de Santos ainda ressaltou que a obra vai além da mobilidade urbana, impulsionando também o turismo e a economia na região.

“A gente está muito ansioso para chegar nessa etapa. Nós vimos toda essa estrutura das docas sendo montadas, que requer também a formação de mão de obra, e já estamos pensando nas interferências nos bairros de Santos. É uma experiência valiosa para que a gente possa dialogar com o Governo do Estado, achar as melhores soluções e sempre aproveitar o maior potencial dessa obra, que vai além da mobilidade urbana, impulsionando o turismo e a economia”, afirmou.

Túnel Santos-Guarujá

Enquanto o projeto europeu terá 18,1 quilômetros de extensão, o túnel planejado para o estuário santista terá 1,5 quilômetro, sendo 870 metros submersos. Apesar de menor em dimensão, a obra brasileira será a maior do gênero já construída na América Latina.

Orçada em R$ 6 bilhões, a obra beneficiará veículos leves, o transporte público, ciclistas, pedestres e caminhões. Além de encurtar o tempo de travessia de mais de uma hora para menos de cinco minutos, o projeto vai gerar 9 mil empregos diretos e impactar positivamente a vida de mais de 2 milhões de pessoas.

A concessão para a construção, operação e manutenção do túnel será definida em leilão, previsto para o dia 1º de agosto deste ano. A concessionária vencedora assumirá a responsabilidade integral pela execução e gestão da obra.

Segundo o Ministério de Portos e Aeroportos, o túnel proporcionará uma série de avanços estratégicos:

• Melhoria na logística e fluxo de caminhões
• Desafogo do tráfego portuário
• Redução de custos logísticos
• Aumento da competitividade do porto
• Menor interferência nas operações marítimas
• Elevação da segurança no transporte de cargas
• Contribuição à sustentabilidade com redução de emissões de CO2

O Porto de Santos, responsável por 30% do comércio exterior do Brasil e por 60% dos embarques e desembarques internacionais de São Paulo, será um dos grandes beneficiados com a nova infraestrutura.