Daniel Filho revela cobrança de presidente da República por causa de novela de Janete Clair
Diretor narrou a história em entrevista ao Conversa com Bial

Publicado em 21/05/2025 às 15:59
Em razão do centenário de nascimento de Janete Clair (1925-1983), comemorado no mês ado, o Conversa com Bial da última terça-feira (20) recebeu a filha da dramaturga, Denise Emmer, e o diretor Daniel Filho, que dirigiu 13 novelas da "maga das oito", para falar sobre o seu legado.
Denise lembrou que foi pressionada a revelar o assassino de Salomão Hayalla (Dionísio Azevedo) em O Astro (1977) dentro da sala de aula. "Eu não tive culpa. Fui coagida na sala de aula. Sabia de tudo porque lá em casa era a conversa da mesa, familiar. A professora me coagiu e obrigou a falar. Pedi por favor para não sair dali, um segredo para 40 pessoas. Foi publicado em uma revista. Apanhei, fiquei trancada no quarto 10 dias, sem água, sem refrigerante...", brincou Emmer, que também é filha de Dias Gomes (1922-1999).
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Já Daniel Filho acabou enquadrado por ninguém menos que o então presidente do Brasil, Ernesto Geisel (1907-1996), e todo o seu Ministério, que tentaram arrancar do diretor a revelação de quem matou o empresário da ficção.
"Eu estava em Brasília para regulamentar o registro dos atores e todo o Ministério dele e ele fizeram a pergunta. Falei que era um segredo de estado e que 'vocês sabem o que é'", relatou Daniel, rindo da situação.
Daniel Filho se emociona ao falar de Janete Clair
Na entrevista com Pedro Bial, Daniel Filho se emocionou ao recordar uma atitude altruísta de Janete Clair com o elenco de Roque Santeiro, escrita pelo marido Dias Gomes. No dia da novela ir ao ar, em 1975, a censura na época impediu a sua exibição.
"Tinha que botar uma novela no ar. Ela disse: 'Vou escrever a próxima novela'. Janete escreveu o nome de todos os atores que estavam em Roque Santeiro e escreveu os personagens para eles. Todos os atores não ficaram desempregados. Ela escreveu para aquele elenco. Em menos de uma semana eles estavam recebendo os capítulos", contou.
Na época, coube a Janete, às pressas, escrever Pecado Capital, com Francisco Cuoco e Betty Faria no elenco. A trama, a exemplo de tudo que a autora colocou a mão, conquistou enorme sucesso com o público e crítica.